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O R&B/pop psicodélico e arrebatador de uma das revelações do ano

Victoria Monét está ganhando os holofotes. A cantora e compositora de 27 anos de Sacramento tem o dom de fazer um R&B sexy e subversivo, e um pop que desafia as normas sociais de gênero, raça e sexualidade. Mas até agora ela passou a maior parte da carreira nos bastidores. Ficou famosa em 2019, como a compositora preferida de Ariana Grande, uma parceria responsável por sucessos como “7 rings” e “thank you, next”. Agora, com JAGUAR, Monét está assumindo seu devido lugar no centro das atenções.

Ela batizou o projeto em homenagem ao feroz felino da selva, conhecido por sua capacidade de se esconder bem, até que, quando você menos espera, ele ataca. “JAGUAR me ajudou a construir minha confiança e me sentir pronta para sair das sombras”, diz ela ao Apple Music, explicando que era tímida e de fala suave até encontrar o seu lugar no palco. “Muitas pessoas me conhecem mais como compositora, mas minha arte sempre esteve lá. Este projeto me deu espaço e credibilidade para explorá-la”. Esta coleção de músicas – a primeira metade do que acabará se tornando um álbum, diz ela – parece intimista e grandiosa, com harmonias em camadas densas, melodias sinuosas e a rica e surpreendente instrumentação de uma banda ao vivo. Monét é uma contadora de histórias magistral que se deleita em suposições desafiadoras; “Big Boss” reverte o clichê sobre afago ao ego masculino em uma balada de empoderamento para as mulheres cantarem sozinhas. Da mesma forma, “Ass Like That” rejeita categoricamente a objetificação do corpo feminino na nossa cultura – em vez disso, é um hino no qual a única pessoa cuja opinião importa é a que está no espelho. Leia a seguir os comentários da artista sobre cada faixa do projeto.

Moment
“Ela passa imediatamente uma sensação psicodélica e leva você para um mundo distorcido. Muitos dos meus projetos anteriores são mais divertidos e jovens, então eu achei que esta seria uma oportunidade de mostrar o meu lado mais maduro. Quando eu mostrei esta música pela primeira vez para a minha mãe, ela ficou surpresa, tipo: ‘É você?!’. Ela achou que era um lado meu diferente, um lado que as pessoas que ouviram o meu trabalho anterior ficariam empolgadas em conhecer. É estranha, divertida e psicodélica. E, principalmente quando entram as cordas, ela realmente leva você a outro lugar.”

Big Boss (Interlude)
"É natural pensar que esta música está falando com outra pessoa, alguém que você quer que se sinta bem. E pode ser isso! Mas também pode ser cantada para si mesma. Eu me imagino cantando no espelho, tipo: ‘Lembre-se de quem você é, lembre-se do que você tem’. É uma forma de afirmação. Não é ser arrogante nem vaidosa. É tipo: ‘Isso é o que eu sinto por mim mesma e posso ser positiva comigo’. Porque às vezes, quando as pessoas dizem algo positivo para mim, eu acabo encontrando uma maneira de negá-lo. Se me dizem que estou bonita, eu digo ‘Ah, acabei de acordar’. Algo para me fazer sentir melhor ao receber o elogio. Mas às vezes é importante dizer: ‘Sim, eu estou bonita, obrigada’. ‘Big Boss’ faz isso em forma de música.”

Dive
“Minha música é baseada em coisas que eu tive que absorver como mulher, e que muitas mulheres tiveram que ouvir – seja na música ou na vida – como homens dizendo que elas seriam criticadas se falassem algo como: ‘Quero ver se você é bom de cama’. Então, senti que era importante que este projeto recolocasse o poder nas nossas mãos e dissesse coisas sobre as quais pensamos e conversamos quando nos reunimos. É algo como ‘Amiga!’, um pouco fofoquinha, mas também é sobre dizer as coisas para os outros como eles falam com a gente. Eu também queria usar o duplo sentido de modo inteligente para que, se você mostrasse a música para a sua avó, ela não dissesse: “Desligue isso!’. Mas quando você realmente pensa sobre isso e lê a letra, descobre que há um significado mais profundo por trás.”

We Might Even Be Falling In Love (Interlude)
“Sinceramente, esta música tem uma vibe que me faz sentir como se eu estivesse nos anos 70. Um sentimento natural e emotivo com instrumentação suave. É uma janela para o meu lado mais vulnerável. Muitas das músicas do projeto são mais agressivas, francamente agressivas, mas esta tem um lado mais suave. Para mim, parece uma prima de ‘Dive’. Espero que as pessoas adorem os interlúdios o suficiente para que um dia eu possa fazer um projeto com todos os interlúdios de JAGUAR e transformá-los em músicas."
Jaguar
“Eu honestamente não sei de onde veio o ‘Jaguar’. Não é como se eu tivesse estudado o animal. É por isso que eu sinto que esta música em particular foi um presente. Foi como um presente de Deus, tipo, ‘OK, isso vai aparecer na sua cabeça e lhe dará uma boa base para o que você quer fazer’. Acabou soando muito legal e ficou pronta de um jeito perfeito. Depois, eu trouxe um músico de cordas e uma trompista, Arnetta (Johnson). Eu estava determinada em encontrar uma trompista negra, e meu amigo que coreografou para Beyoncé conhecia uma que tocou com ela no Coachella. Ele me apresentou para Arnetta, ela veio aqui e eu mostrei para ela as minhas ideias para a parte do trompete, daí o (produtor) D'Mile mostrou as dele, e juntamos essas duas partes para fazer a ponte e acrescentar as cordas. Parecia mágica. Quero fazer isso mais um milhão de vezes.”

Experience
“Nós lançamos esta música no Juneteenth e durante o mês do Orgulho LGBT, e para mim isso é uma forma de protesto, de defender os seus direitos e ser franca. Eu me perguntei, tipo, ‘se eu lançar músicas que pareçam comemorativas e alegres, isso é desprezar tudo pelo que estamos passando?’. Mas a resposta que eu encontrei foi não. Depois de discutir isso com a minha equipe e com pessoas importantes para mim, percebi que muita gente não tem essa oportunidade, então parte da minha responsabilidade é garantir que haja representatividade para eles. A meu ver, é quase como no passado, com as pessoas caminhando na linha de frente e ainda cantando ‘We Shall Overcome’. Estou fazendo do meu jeito. Dois artistas negros juntos, sem medo e sem pedir licença por cantar sua música.”

Ass Like That
“Esta música diz apenas ‘liberdade’. Diz que eu realmente não me importo com a sua opinião sobre o título, sobre a música, sobre se vai ou não tocar no rádio, nada disso. Eu só quero escrever sobre uma parte do corpo que é comentada por outras pessoas, e essa é uma forma de retomar o poder nas nossas próprias mãos. Porque quando a gente se olha no espelho, às vezes a gente confere a nossa própria bunda. Vemos se ficamos bem naquela calça jeans. Temos objetivos para o nosso próprio corpo. Eu só queria uma música que permitisse isso às pessoas. Além disso, eu adoro um boa e velha música para malhação, porque eu malho muito, muito pesado na academia. Eu tenho um instrutor, me alimento de maneira saudável, e todas essas coisas são um foco diário meu. Então, acho que foi uma maneira de ser honesta com o que estou passando.”

Go There With You
“Esta é outra música onde eu quis encontrar o lado vulnerável desse som. Algo em que você poderia realmente afundar. Parece simples e clássica para mim, e as guitarras adicionam um elemento que eu não tinha em nenhuma outra. Depois de fazer o programa do Jimmy Kimmel com guitarras ao vivo, percebi que queria que elas fizessem parte da minha apresentação no palco, eu adoro isso. Ela é também sobre ser realista. O jaguar pode ser confiante e sexy, mas ainda há algumas questões que a gente vai querer suavizar. Esta música oferece uma janela realista e agradável para qualquer relacionamento, quando você está discutindo e precisa pensar positivamente e agir de acordo com isso.”

Touch Me
“Em vez de pensar sobre esta música como conclusão do projeto, eu queria que fosse mais um caminho para a parte 2, para quando o projeto se completar como um álbum. Para mim, é como deixar em suspenso, terminando com o Acappella assim. A primeira faixa da parte 2 começa com um vocal sem instrumentos, por isso faz muito sentido quando você escuta. Além disso, ‘Touch Me’ é uma das únicas músicas em que você pode me ouvir cantar usando um pronome diferente. Eu digo ‘garota’, eu digo ‘ela’. Foi realmente importante para mim compartilhar isso e fazer esse posicionamento para as pessoas. Eu não acho que a gente tem muitas músicas que dizem diretamente isso, especialmente de uma maneira sexual. Eu acho que é importante para a música ter isso. Muitas vezes podemos criar músicas que se aplicam a nós, mas elas não estão falando diretamente: ‘Isso é sobre uma mulher’. Foi um elemento legal a ser incluído e é baseado em uma história real. Os mais experientes vão entender.”

© Apple Music